A importância dos projetos arquitetônicos hospitalares pode ser compreendida na medida em que o dimensionamento do ambiente, a localização urbana, o estudo dos fluxos hospitalares, a escolha de materiais e, até mesmo, as cores das paredes, escolhidas de acordo com as regras da cromoterapia, interferem na saúde e influenciam no tratamento das pessoas.
A arquitetura hospitalar tem o poder de construir, organizar e adaptar os ambientes de forma útil para atender bem os pacientes. Um espaço bem projetado deve ser pensado para ter a capacidade de ser reorganizado para proporcionar o melhor atendimento às pessoas. Se tomarmos como o exemplo o planejamento eficiente de um setor de Pronto Socorro, um projeto arquitetônico hospitalar será construído com base no raciocínio de criar um fluxo de circulação no qual não haja cruzamento interno, onde pessoas possam entrar por um corredor para a triagem e sair por outro. Pode-se criar salas de espera setorizadas por idade ou grupos de risco, minimizando as chances de propagação de um vírus.
Mesmo quando se trata da arquitetura emergencial e hospitais de campanha, é necessário entender que estes possuem as mesmas necessidades de projetos especiais como, por exemplo as áreas para receber medicamentos e insumos, necrotérios, depósitos de lixo hospitalar, área para descanso de médicos e enfermeiras, entre outros detalhes de projeto importantes na arquitetura hospitalar.
Ao projetar um hospital é preciso ter em mente a necessidade de muita interação com profissionais de outras áreas, principalmente da saúde, para abranger todo o conhecimento específico necessário. Esta é uma recomendação que não atinge apenas os hospitais, mas sim todos os estabelecimentos da saúde que necessitam de projetos baseados em EAS (enterprise architecture strategies – estratégias de arquitetura enterprise), dada a complexidade que abrange muitas funções, setores, fluxos e acessos, e vai influenciar no tipo de ambiente hospitalar.
Ao se tomar por base o “Manual Prático da Arquitetura Hospitalar” os principais setores são: ambulatório e emergência, serviços de apoio ao diagnóstico e tratamento, setor de tratamento (blocos cirúrgico e obstétrico, UTI), internação, administrativo e de informação. Além disso, é importante considerar no projeto os principais fluxos e acesso dos pacientes, médicos, público, de serviços e de funcionários.
O EAS de um projeto hospitalar deve dar tratamento especial para a sinalização tátil e sonora, a umidade, a luminância e a acústica tanto para fatores internos como externos, desde a posição das janelas até o isolamento das paredes, já que a ventilação natural não só proporciona conforto como também ajuda no combate às infecções hospitalares. A humanização dos ambientes também exerce um papel importante no tratamento dos pacientes, além de influências positivas na saúde. Alguns aspectos e suas influências são fundamentais para garantir a humanização e o conforto, tais como:
1 – A iluminação natural do ambiente influencia no equilíbrio fisiológico e psicológico dos usuários. Sua definição deve ser feita o quanto antes, principalmente antes das cores do ambiente. Aspectos básicos que devem ser analisados acerca da iluminação: níveis de iluminação de acordo com as exigências do conforto humano; sistemas de iluminação que podem ser direto, indireto ou misto; tipo de fonte de luz; eficiência luminosa; reprodução da cor. No caso dos hospitais, os diferentes tipos de usuários e as diversas atividades requerem estudos específicos para que proporcionem o bem-estar visual. A iluminação natural traz benefícios para a saúde, porque dá a sensação psicológica do tempo, tanto cronológico quanto climático.
2 – A cor influencia na percepção dos espaços e objetos, cores como azul e verde aumentam o espaço, já o vermelho, o amarelo e o laranja encurtam os espaços. As cores funcionam muito bem para dividir ambientes. Quando alternadas, podem animar pessoas com problemas respiratórios que sentem-se mais à vontade em ambientes azuis por exemplo. Tetos brancos deveriam ser evitados principalmente onde há circulação de macas. As cores verde e azul são mais tranquilizadores. Por fim, um hospital necessita de um estudo cromático para cada setor e sua função.
3 – O conforto higrotérmico é a ausência de desconforto térmico. Dependente da capacidade de adaptação de cada paciente, está relacionado às variáveis: temperatura, umidade relativa e velocidade do ar. Existem estratégias de projeto para garantir maior conforto no aspecto térmico. Algumas visam dissipar a energia térmica de dentro do edifico, outras priorizam o uso de iluminação natural. O objetivo é garantir a qualidade do ar retirando dele todo o excesso de umidade.
Após pesquisas sobre a importância e os desafios da arquitetura hospitalar conclui-se que a mesma possui influências positivas e necessárias na saúde e no tratamento dos pacientes, auxiliando e reduzindo inclusive os impactos de crises como a provocada pela pandemia do Covid-19. Os arquitetos também devem assumir seus papéis em conjunto com profissionais de outras áreas, incluindo da saúde, para garantir um bom projeto hospitalar.
A Nese Arquitetura é uma empresa de gestão de projetos de construção, diagnóstico e soluções. Para mais informações sobre projetos de arquitetura hospitalar, entre em contato com nossa equipe.
fonte: dados e informações extraídos de artigo do curso de arquitetura e urbanismos do Univag 2020/2021.
foto: fotógrafo Oles Kanebckuu.